Geografia Agrária - Revolução verde e agropecuária brasileira
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Aula nº | 08 |
Data | 18/11/2021 |
Revolução verde
Histórico
A ONU e os EUA, a partir da década de 1950, incentivaram a implantação de mudanças na estrutura fundiária e técnicas agrícolas em países "subdesenvolvidos".
No contexto da Guerra Fria os norte americanos tinham a intenção de evitar surgimento de focos de insatisfação popular pela fome, temendo revoluções socialistas
Revolução verde é o nome que ficou conhecido para o conjunto de mudanças técnicas na produção
Modernização das práticas agrícolas (adubos químicos, inseticidas, herbicidas, sementes melhoradas); novas técnicas de irrigação artificial e mecanização no preparo do solo, para cultivo e colheita
Os EUA ofereceram financiamento para importação dos insumos, e os governos passaram a promover pesquisa e fornecer créditos subsidiados
Concentração de terras no Brasil
Agrotóxicos
"Questão decorrente do advento da “Revolução Verde”, foi nos últimos anos que os agrotóxicos começaram a mostrar os efeitos mais drásticos no meio ambiente e na saúde humana.
- Além da intoxicação direta via manuseio no campo, bem como de moradores do entorno das plantações em que os defensivos são despejados, diversos estudos apontam para a correlação entre o uso desses produtos e doenças crônicas, que atingem também cidadãos das cidades.
- Uma pesquisa recente divulgada por estudantes da Universidade de Pádua, na Itália, relacionam o composto industrial tóxico PFOS a alterações no corpo humano masculino, como queda da fertilidade, tamanho do órgão reprodutor e presença de hormônios femininos. A substância responsável pelos estragos, o sulfonato de perfluorooctano, é resultado da degradação da sulfluramida, agrotóxico encontrado em inseticidas para matar formigas. O Brasil é o único dos 182 países da Convenção de Estocolmo, um tratado internacional sobre Poluentes Orgânicos Persistentes, com permissão para fabricar o agroquímico, o que tem aumentado a produção e o número de exportações do componente."
Reportagem completa:
QUAIS os efeitos de agrotóxicos sobre a natureza e a agricultura?
Os organismos que entram em contato com o DDT eliminam a substância em uma velocidade mais lenta do que a consomem.
Como ela é lipossolúvel, ou seja, dissolúvel na gordura, se liga ao tecido adiposo dos animais. A concentração em um gafanhoto é maior do que na planta que ele consome. A concentração em um pássaro que come o gafanhoto, maior ainda, e assim por diante conforme se sobe na cadeia alimentar.
Essa concentração crescente prejudica a reprodução e a saúde dos seres vivos, principalmente dos maiores predadores.
O QUE se sabe dos efeitos sobre a saúde humana?
Os efeitos diretos são: “irritação da pele e dos olhos, coceira, cólicas, vômitos, diarreias, espasmos, dificuldades respiratórias, convulsões e morte”.
Outros efeitos de exposição em pequenas doses e por grandes períodos de tempo - como no caso de quem ingere agrotóxicos em alimentos - são mais difíceis de medir, porque em geral aparecem muito tempo depois da exposição.
Entre os efeitos já identificados estão: infertilidade, impotência, aborto, má-formação fetal, neurotoxicidade (que prejudica o sistema nervoso e o controle muscular), desregulação hormonal, efeitos sobre o sistema imunológico e câncer.
Transgênicos X Orgânicos
Multinacionais de biotecnologia têm investido no desenvolvimento de organismos geneticamente modificados ou transgênicos
- Engenharia genética usada para inserir genes de outros organismos no DNA, alterando tamanho de plantas, retardando velocidade de deterioração, tornando-as mais produtivas e resistentes
- Os riscos do uso de transgênicos vão de eventuais danos à saúde dos consumidores até impactos ambientais
- Também aumenta dependência externa do país, uma vez que os agricultores ficam a mercê das empresas fornecedoras das sementes
No Brasil, a Lei de Biossegurança (2005) assegura ao consumidor direito de obter informações no rótulo de um produto a sua composição.
- Na Colômbia, o Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança (desde 2003) estabelece padrões mínimos de segurança no transporte de transgênicos, mecanismos de controle sobre seu comércio e o princípio de precaução (a fim de proteger a diversidade biológica nos impactos da criação de transgênicos)
- O mercado europeu tem recusado produtos transgênicos (como a soja), mas que cedeu a algumas pressões das ações na OMC feitas por países como EUA, Canadá e Argentina.
QUAL é o impacto dos transgênicos no ambiente
Diversas ONGs ambientalistas e grupos de cientistas se posicionam contra o uso generalizado de transgênicos. Eles defendem que a tecnologia pode ter um impacto negativo no meio ambiente, reduzindo a biodiversidade — e aumentando a dependência dos produtores rurais em relação às grandes empresas produtoras de sementes.
A preocupação dos ambientalistas é que o mercado de sementes comerciais no mundo é dominado por algumas poucas companhias, responsáveis pelo desenvolvimento de transgênicos e também dos agrotóxicos, ou defensivos agrícolas. São as chamadas “gene giants”, ou o grupo “big 6”, que inclui as alemãs Bayer e Basf, as americanas Dow Chemical, DuPont e Monsanto, e a suíça Syngenta, que teriam a capacidade de impor um número cada vez mais restrito de espécies cultiváveis.
O QUE se sabe sobre os efeitos dos transgênicos na saúde
Boa parte dos transgênicos produzidos e comercializados no mundo é consumida como alimento pelas pessoas — seja diretamente, como na ingestão de milho transgênico, seja indiretamente, já que muitas vezes a ração de bovinos contém soja transgênica, por exemplo.
A Organização Mundial da Saúde afirma que os alimentos transgênicos disponíveis no mercado passam por constantes avaliações e “não apresentam riscos à saúde humana”. Segundo a OMS, em países onde o consumo de transgênicos é permitido não foi notado nenhum problema específico de saúde pública ligado à ingestão de alimentos geneticamente modificados.
Agricultura orgânica
A agricultura orgânica é uma modalidade que não utiliza sementes transgênicas, fertilizantes químicos ou agrotóxicos.
- Ainda não é suficiente para atender à demanda, apesar do aumento da área de cultivo e vendas mundiais
- O preço dificulta o acesso, pois utilizam <u>fertilizantes naturais</u> (mais caros) e maior demanda de mão de obra
- Geralmente envolvem pequenas e médias propriedades com mão de obra familiar
Impactos ambientais das atividades agropecuárias
Queimadas e desmatamento
"Em 2020, mais da metade das emissões líquidas de gases de efeito estufa do Brasil foram geradas pela agropecuária (37,8%) e por mudanças no uso do solo (23,8%), como o desmatamento para implantação de pastagens."
Empobrecimento do solo (monocultura);
Contaminação do solo e da água;
Erosão do solo;
Perda da biodiversidade;
Estresse hídrico (irrigação artificial);
"Volumes de água da chuva, de irrigação e de descarte utilizados variam de acordo com o animal criado. No mundo, a produção de um quilo de carne de frango utiliza 73% menos água do que a de um quilo de carne bovina"
"Uma tonelada de arroz produzida em Pernambuco usa cinco vezes mais água do que a mesma quantidade produzida no Rio Grande do Sul"
Erosão genética
é a perda de diversidade genética entre populações ao longo do tempo, devido à intervenção humana ou de mudanças ambientais. Na agricultura: variedades local, vegetal ou animal são substituídos por outros considerados mais produtivos.
A agropecuária brasileira
Na agricultura
Produtos por região:
- Sul: soja, milho, arroz, trigo;
- Sudeste: cana de açucar, café, laranja;
- Nordeste: cana de açucar, mandioca, soja;
- Centro Oeste: soja, milho, algodão.
Distribuição da soja em diferentes biomas
Na pecuária
Por região
- Avicultura: beneficiado pela modernização industrial (SP, MG, RS);
- Suínos: 3º maior rebanho do país (PR, RS, SC);
- Caprinos (BA, PI, PE);
- Ovinos (RS, BA, PI, CE);
- Búfalos (PA, AP)
Predomínio de pecuária extensiva (Centro Oeste e Nordeste); o rebanho bovino é o maior do mundo, os maiores estão em MG, MT e MS.
Pecuária semi extensiva desenvolve-se em regiões de economia dinâmica
oeste paulista, Triângulo Mineiro e Campanha Gaúcha - seleção de raças e elevados índices de produtividade e rentabilidade; TO, RO, MG - áreas de expansão de fronteiras.
Nos cinturões verdes e bacias leiteiras, a criação de bovinos é intensiva, bom boa qualidade dos rebanhos e alta produtividade leite e carne: vale do Paraíba (SP) e sul de MG
SC apresenta grande concentração de frigoríficos, com fornecimento vindo de pequenas e médias propriedades criadoras de aves e suínos